×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Amantes do esporte que traz benefícios ao corpo e à mente conquistam seu espaço em Campos

Patinação tem atraído jovens e adultos à prática; um grupo de campistas criou o "Psicopatins"

Campos
Por Redação
5 de maio de 2017 - 17h52

 

Psicopatins em Campos (Foto: Silvana Rust)

Psicopatins em Campos (Foto: Silvana Rust)

Engana-se quem pensa que patinar é só brincadeira de criança. A cada dia, esta modalidade vem conquistando mais e mais adultos. Com a intenção de reunir amantes desse esporte, um grupo de campistas – os Psicopatins – se reúne diariamente na área central da cidade. Os integrantes destacam todos os benefícios que a patinação traz consigo. Mas,também se divertem ao relembrar os tombos e quedas, principalmente dos iniciantes. Assim como a corrida, andar de patins dá mais força aos músculos dos membros inferiores, bem como ao abdome e aos glúteos, queimando entre 500 e 800 calorias na primeira hora de diversão – que, de acordo com os praticantes, passa muito rápido! Tudo isso, ainda, com menos impacto que a “running”.

Resistência Muscular
Por exigir do patinador o equilíbrio sobre o “calçado” instável, a atividade também faz com que a pessoa mantenha o corpo permanentemente contraído, trabalhando a concentração, coordenação motora, resistência muscular, agilidade e até alguns reflexos para evitar as possíveis quedas. Andrielly Mothé, 23 anos, patina desde os 9, quando pegou o acessório da prima emprestado. “Meus pais não podiam comprar um (patins), por isso peguei um emprestado e nunca mais devolvi. Foi amor à primeira vista. Patinar é libertador, é amor”, afirma.

A maioria dos integrantes do Psicopatins pratica a modalidade urban, pois utilizam ruas, calçadas e as estruturas disponíveis para patinar. Os patins possuem botas firmes e bases normalmente curtas do tamanho dos patins garantir segurança na manobra. Quem também começou a patinar com um equipamento emprestado foi Daniel. “Quando meu irmão mais velho ganhou um skate, deixou o patins de lado. Foi quando comecei a dar as primeiras ‘patinadas’, literalmente. Porque, no começo, a gente cai muito mesmo, não tem jeito”.

Patinação aggressive ou street

A modalidade de Daniel é diferente dos demais integrantes do grupo. Ele prefere – e usa equipamento adequado – a patinação de rua. “A patinação aggressive ou street é uma das inúmeras formas em que o atleta faz manobras como pulos, corrimões, slides e flips.

Patinadores aggressive fazem slides em beiradas e bordas, pulam sobre barreiras, voam de uma estrutura a outra, rodopiam no ar e desafiam a gravidade das mais diversas maneiras. Em Campos, infelizmente, não há espaço para tal modalidade. Esse fato, por exemplo, impossibilita a profissionalização”, lamenta.

Outra vantagem da modalidade é o bem-estar psicológico. Para os apaixonados, ela é capaz de divertir, além de proporcionar o gasto de energia e trabalho muscular, pois causa sensações de liberdade e ação. Além disso, como pode ser praticada ao ar livre e individualmente, também é muito democrática.

role-de-patins-silvana-rust-102Propensa a acidentes Lasix online buy Antabuse online

Um estudo do Instituto de Vigilância Sanitária francês em 2004-2005 (não há registros oficiais de nenhuma pesquisa no Brasil) mostrou que patinar está longe de ser a modalidade esportiva mais propensa a acidentes. Os esportes coletivos – que são os esportes mais praticados – estão muitos à frente, com 42,9%. Em segundo lugar, com 19%, vêm os esportes sobre rodas não motorizados. Porém, neste grupo, a patinação aparece com 18%, contra 74% do ciclismo. Em 90,6% dos casos, o acidente na patinação é uma única queda envolvendo o próprio patinador.

Rafaela Acruche patina há seis meses e já ganhou uma cicatriz. “Nunca tinha patinado na vida. Me interessei pela modalidade por hobby mesmo. Perdi o número dos tombos, quedas e derrapadas, e ainda não consigo parar sozinha. Nisso, o grupo (Psicopatins) é excepcional. São companheiros, amigos, sempre dispostos a ajudar para que todos possam patinar no mesmo nível. Não existe rivalidade”.

Discriminação

De acordo com os patinadores, a única coisa que não muda na modalidade é o preconceito. O cenógrafo Vanderlei Machado patinava com um grupo de amigos nos anos 90 e recorda com tristeza os nomes pejorativos que recebiam enquanto deslizavam pelas ruas de Campos. “Éramos um grupo de rapazes com 20 anos, em média. Patinação ainda era uma modalidade predominantemente feminina.

Por esse motivo, recebíamos o rótulo de homossexuais. Apesar desse episódio, foi um período muito feliz. Gostaria de voltar a patinar com essa garotada aí que vejo na praça (Santíssimo Salvador), mas me falta tempo”, lamenta Vanderlei, que também atua como DJ nas horas vagas. “Ganhei um patins aos 15 anos – um modelo que hoje é denominado retrô. Como ele oferecia pouca estabilidade, adaptei o acessório a um tênis de cano alto. E, todo domingo, a galera se reunia no Sesc para dançar sobre duas rodas. Patinar ao som de música é muito mais emocionante”, ressalta.

“É sempre tenso”

Vinte e sete anos se passaram e, segundo Andrielly, o preconceito ainda existe, sim. “Não somos estereotipados, como na década de 90. Mas, somos xingados por estar ‘atrapalhando’ o trânsito, por exemplo. Por algumas vezes, policiais militares e guardas municipais enquadraram o nosso grupo exigindo que deixássemos de patinar em determinado local ou via. É sempre tenso”, admite.