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Missão África

Dez campistas partem para Tânzania, onde ajudarão na construção de escolas, igrejas, compra de alimentos e atendimentos odontológicos

Campos
Por Redação
16 de abril de 2017 - 12h57

a6Imagine largar tudo — família, trabalho, rotina — e passar 15 dias na África como voluntário na construção de escolas, sem qualquer luxo ou o mínimo de conforto. O que para muitos pode parecer uma atitude extrema, para dez campistas é uma oportunidade única para praticar a caridade e o altruísmo. Eles partem no dia 17 de abril para Morogoro, que fica a 400 km da capital da Tanzânia, Dar es Salaam. De lá, eles seguirão para outras 11 aldeias, onde devem atuar em atividades diversas com o intuito de proporcionar mais dignidade, saúde e liberdade para um povo que vive em condições de miséria e sacrifício.

Entre os dez missionários que sairão de Campos estão quatro dentistas, uma educadora, dois empresários, uma blogueira e um pastor, que organiza a missão. A viagem é programada por meio do projeto Missão Volantes de Cristo (MVC). Na Tanzânia, eles ficarão na base da agência missionária Jovens Com Uma Missão (Jocum). Ambas as instituições também atuam no Nordeste do Brasil; no interior de Minas Gerais; em Guiné-Bissau, Moçambique e Angola, outros três países do continente africano; na Índia e no Nepal.

Em Morogoro, o grupo vai passar duas semanas dormindo e comendo como dormem e se alimentam os moradores de lá. “Precisamos nos despir de todo e qualquer preconceito e estar dispostos a entrar de cabeça na realidade daquele povo. Se agirmos como estrangeiros, com nossos hábitos cosmopolitas, nós os chocaremos, e a ideia não é essa. Só conseguiremos transformar a vida das pessoas se, de fato, nos envolvermos com elas”, conta o empresário Fábio Paes, que está indo para a África pela segunda vez. No ano passado, ele foi para Guiné-Bissau e se encantou com o trabalho desenvolvido. Quando surgiu a oportunidade de retornar, nem pensou duas vezes. “É importante ter uma base emocional forte para conseguir se manter são diante de todas as mazelas com que nos deparamos nesses locais. Mas, a partir do momento em que nos permitimos, a recompensa vem em forma de amor e gratidão”.

Ao longo de todo o ano, os interessados em desenvolver esse trabalho missionário e voluntário fazem uma série de ações a fim de angariar recursos para viabilizá-lo. Com esse dinheiro, são comprados alimentos, materiais de limpeza, higiene pessoal e outros itens essenciais; além dos materiais de construção, como tijolos e cimento, para a construção das igrejas e escolas. Nas fotografias que ilustram esta reportagem, é possível ver o “antes” e o “depois” de uma escola de Guiné-Bissau reformada pelo grupo voluntário.

A dentista Mariana Estefan também dedicou os últimos meses à tarefa de juntar verba para comprar os equipamentos odontológicos que serão utilizados nesta missão. Ela criou um bazar nas redes sociais com roupas e acessórios dela e de amigas. Todo o dinheiro arrecadado foi revertido para a obra social. Aliás, as passagens de avião, a alimentação e qualquer outro gasto pessoal são de responsabilidade individual. O dinheiro arrecadado nas campanhas não é utilizado para esses fins. “Os participantes da missão estão cientes disso e entendem o investimento financeiro como parte do processo. As campanhas não são feitas para nos ajudar, mas para ajudar esses povos necessitados”, explica Fábio.

 

acquire Antabuse a10Rotina

Os dentistas — Mariana, Bianca Ressiguier, Renata Barra e Rodrigo Cerqueira — devem cuidar da saúde bucal dos moradores dessas comunidades; e os demais — Fábio, Jane Pinto, Cris Sales, Laureci dos Santos e João José Neto — atuarão como educadores e ajudarão na construção de escolas e igrejas. O fundador da Missão Volantes de Cristo (MVC) e organizador da viagem é o pastor Manoel Pinto. Segundo ele, essa é uma missão “puramente humanitária” e que tem o objetivo de instruir e, sobretudo, dar esperança que esses povos tanto precisam.

Os missionários acordarão cedo e passarão o dia em função dos trabalhos sociais. “A rotina é pesada. Não é uma viagem turística, não é lazer, não é fácil. É preciso que o coração esteja aberto e que a cabeça esteja em ordem para chegar até lá e conseguir se manter firme. Porque, além de ser um trabalho missionário, essa viagem é, sem dúvidas, uma oportunidade de crescimento pessoal e espiritual. Além do choque cultural, há também dificuldades com relação à língua porque, embora na Tanzânia a língua oficial seja o Inglês, nas aldeias e comunidade falam-se dialetos tribais que são desconhecidos por nós”, lembra o pastor.

A professora Laureci Candido dos Santos, 68 anos, entende o que é se sacrificar pela caridade. Em 1988, ela decidiu morar em Guiné-Bissau e ajudar a população daquele lugar. Ela afirma ter recebido um chamado de Deus dez anos antes. “Eu estava participando de um acampamento jovem em 1978, quando fui convocada pelo Senhor para desenvolver um trabalho missionário na África. Na ocasião, eu não entendi, mas anos mais tarde a  oportunidade se concretizou e eu fui”, conta.

Laureci morou por 26 anos em Guiné-Bissau — de 1988 a 2014. Sem família. Sem amigos. Sem energia elétrica. Sem qualquer conforto. “Eu era professora concursada do Estado. Tinha aquilo que muitos sonham, que é a estabilidade financeira, mas pedi exoneração, e não me arrependo. Hoje eu tenho a certeza de que esse era o meu propósito. Foi uma experiência engrandecedora que transformou a minha vida”, garante.

Na África, Laureci atuou como professora, mas também foi enfermeira, construtora… Fez de tudo um pouco. Em 1998, viveu de perto a Segunda Guerra do Congo, também conhecida como Guerra Mundial Africana. “Foram 11 meses de medo e de dor, mas em nenhum momento Deus me abandonou. Quando olho para trás, eu só louvo porque percebo que fui sustentada. Hoje, estou aqui, viva e pronta para enfrentar outros desafios por um propósito que é muito maior do que eu”, declara a missionária.

Agora, volta para África, desta vez para a Tanzânia. “Quando saí da Guiné, eu sabia que o trabalho não havia terminado. Por isso, onde Deus estiver me enviando, eu estarei indo. Se eu tiver 100 anos e precisar voltar para a África, eu voltarei sem receio algum”.

 

a4Missão Volantes de Cristo

A Missão Volantes de Cristo (MVC) foi fundada há mais de 20 anos pelos pastores Manoel Pinto e Júlio César de Barcelos Pinto. Os dois eram jovens quando, envolvidos em obras missionárias, decidiram embarcar em uma jornada corajosa: juntaram um grupo de voluntários e partiram para lugares onde havia extrema necessidade de apoio. Nos primeiros anos, o trabalho foi desenvolvido, prioritariamente, no interior do Brasil. Mas, com o passar do tempo, “a coisa” tomou uma proporção maior que o amigos imaginavam.

“Ouvimos o chamado para que o nosso projeto fosse além das fronteiras. Júlio foi para os EUA, onde fundou uma filial da MVC, e eu continuei aqui no Brasil; separados, porém juntos no propósito”, contou. Nos últimos oito anos, os dois voltaram os olhos para o continente africano, onde estão concentradas muitas mazelas sociais. Eles passaram a organizar viagens anuais para alguns dos mais pobres países da África, fazendo parcerias com outros projetos que já são desenvolvidos nesses locais, como o Jocum.

 

a8O porquê da escolha dessas áreas buy dopoxetine online cheap nolvadex

Não é à toa que esses países do continente africano, a Índia, o Nepal e as algumas regiões do Brasil, são escolhidos para receberem o trabalho missionário. Todos estão situados em uma área do mapa em que o clima é árido (seco). Esse fator climático está diretamente ligado a outras questões — políticas e econômicas — que envolvem, ainda, a propagação de doenças, a má distribuição de riqueza e a sustentação das instituições.

“Esses locais estão situados na zona mais pobre do mundo e o calor intenso é uma das razões para que essas condições se sustentem. Geralmente, países ou regiões onde predomina o clima árido são vítimas de outras mazelas. A questão política é uma delas. Pode observar que esses lugares são dominados por governos ditatoriais ou pelo coronelismo e as instituições políticas e judiciárias são fracas e, muitas vezes, corruptas. A distribuição da riqueza é desigual e, mesmo que essas regiões tenham recursos naturais (como petróleo e pedras preciosas), a população não usufrui deles”, explicou Fábio Paes.

A questão religiosa também contribui para a pobreza. Em muitos desses países africanos, por exemplo, pratica-se o sacrifício animal como parte de um ritual. A população, que já vive em situação de miséria, compra esses animais, que poderiam ser utilizados como alimento, para entregarem aos deuses de suas crenças. “Isso é triste porque, enquanto matam os animais para o ritual, eles passam fome… Esses povos não têm acesso à informação e à educação da mesma forma que nós. A gente não pode fazer nada contra a corrupção e a ditadura nesses países, mas podemos libertá-los por meio da educação. Quem sabe, assim, em médio ou longo prazo, eles possam reverter essa situação”, disse o empresário.