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Fachin remete à Justiça do Rio citações a Garotinho em delações

Além do ex-governador, ex-prefeita de Campos Rosinha também teve seu nome mencionado nas colaborações da construtora

Campos
Por Redação
12 de abril de 2017 - 8h00
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Garotinho e Rosinha teriam recebido R$ 9,5 milhões em contribuições legais e ilegais da Odebrecht. (Foto: Silvana Rust)

O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), remeteu à Justiça do Rio de Janeiro as citações de delatores da Odebrecht ao ex-governador do estado Anthony Garotinho. Agora, o juízo de primeira instância decidirá se abre ou não inquérito para investigar os fatos relatados. Além de Garotinho, sua esposa, a ex-governadora do estado e ex-prefeita de Campos Rosinha também teve seu nome mencionado nas colaborações da construtora.

Nesta terça-feira (11), Fachin autorizou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a investigar oito ministros, três governadores, 24 senadores e 39 deputados federais que fazem parte da chamada “lista do Janot”.

De acordo com que afirmou em dezembro do ano passado o ex-diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio de Janeiro, Leandro Andrade Azevedo, Garotinho e Rosinha teriam recebido R$ 9,5 milhões em contribuições legais e ilegais da empreiteira, que foi responsável pela execução das obras do programa habitacional “Morar Feliz” em Campos.

Em nota, a assessoria do ex-governador Anthony Garotinho falou sobre o caso. “O ex-governador Anthony Garotinho informa que ele e sua esposa, Rosinha Garotinho, jamais receberam qualquer valor não contabilizado da Odebrecht. Todos os recursos recebidos da Odebrecht e de outras empresas foram legais e obedeceram aos critérios estabelecidos em lei para doações eleitorais. Os recibos das doações e os comprovantes de gastos de campanha, abertura e fechamento da conta eleitoral no banco Itaú, na cidade do Rio de Janeiro, estão acessíveis a quem quiser vê-los”.

Em dezembro do ano passado, a revista Veja trouxe detalhes da delação de executivos da Odebrecht, que relataram à Procuradoria Geral da República (PGR) o pagamento de propina aos principais políticos do país. Entre elas, Leandro Andrade Azevedo citou que Rosinha teria elaborado duas licitações de casas populares em Campos, com regras que permitiriam que somente a Odebrecht vencesse a disputa. Em contrapartida, a construtora teria desembolsado um total de R$ 9,5 milhões em contribuições oficiais e repasses de caixa dois a campanhas de Garotinho e Rosinha, entre 2008 e 2014. O delator diz que Rosinha lançou duas etapas do programa em 2009 e em 2012.

“Diante deste cenário, os fatos me levam a crer que os referidos editais, relativos aos Programas Morar Feliz I e II, foram lançados levando em consideração que a única empresa grande que teria condições e interesse de fazer a obra era a Odebrecht, o que seria a contrapartida aos pagamentos realizados a pretexto de doações de campanha feitos em 2008″, assinalou ex-diretor de relações institucionais.

Foi em 2008 que Rosinha se candidatou pela primeira vez à Prefeitura de Campos. Na ocasião, a Odebrecht teria repassado R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo ao caixa dois da campanha. Ela venceu as eleições e, em 2012, se candidatou novamente, recorrendo ao mesmo expediente. O delator conta que, entre doações oficiais e de caixa dois, a Odebrecht investiu R$ 2,3 milhões para manter Rosinha no comando do Executivo de Campos.

“Presenciei algumas vezes Garotinho telefonando para os secretários da Fazenda do Município durante a gestão de Rosinha […] e pedindo que tivéssemos preferência na regularização dos pagamentos em atraso, o que de fato aconteceu”, afirmou o delator.

Em 2014, quando Garotinho disputou e perdeu a cadeira de governador do estado, recorreu, novamente, à empreiteira. De acordo com a revista Veja, Garotinho chegava a “espernear” quando havia atrasos no pagamento da propina. O dinheiro, segundo executivos da empresa, era entregue no escritório de Garotinho no Centro do Rio de Janeiro.