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Quem comprou o Prontocardio?

Suposta empresa adquirente tem capital registrado de R$ 1 mil

Campos
Por Redação
9 de abril de 2017 - 7h00

prontocardioUma grande negociação envolvendo o Hospital Prontocardio e uma empresa de investimentos, a NZR Participações S.A., chamou atenção na última semana. Não pelo aspecto do negócio em si, afinal, grandes e milionárias negociações acontecem a toda hora no universo empresarial, mas pelo fato de que quem estaria comprando o hospital ter registrado em seu capital social apenas R$ 1 mil.

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Soma-se a isso outra situação curiosa: essa mesma empresa de investimentos, a NZR Participações, que tem um capital registrado menor que um salário mínimo vigente no país, em abril de 2016 adquiriu por R$ 11,5 milhões o antigo Day Hospital Nossa Senhora do Líbano, atualmente chamado de Hospital Serrano. Não existe nenhuma proibição na legislação brasileira de se fazer negócios arriscados e sem recursos para pagamentos à vista, mas a matemática de que com R$ 1.000,00 se compra um patrimônio de R$ 11,5 milhões é no mínimo obscura.

 O Jornal Terceira Via, ao ter acesso a alteração contratual que selou a venda do Hospital Serrano para a NZR Participações S.A., verificou mais um elemento curioso. Pelo Contrato Social registrado no Cartório do 3º Ofício de Nova Friburgo, a empresa declara que, dos R$ 11 milhões de capital, R$ 10.700.000,00 têm origem em recursos oriundos da conta reserva de capital e lucros acumulados da própria empresa. Ou seja, parece que um hospital que tem na conta R$ 10.700.000,00 aceita ser vendido pelo mesmo valor que tem na conta, sem aparente lucro algum na operação. Piora ainda essa avaliação quando o contrato de compra e venda revela que esses R$ 11,5 milhões que seriam pagos pela NZR Participações S.A. só ocorreria em 10 parcelas com a última vencendo em 2021.

Negócios em Campos

Em Campos, essa mesma empresa, a NZR Participações S.A., estaria em negociações avançadas e milionárias com o Hospital Prontocardio, voltado para tratamentos de doenças cardíacas. A unidade, que atua há 15 anos no município, estaria sendo preparada e reformulada para realizar atendimentos diversificados, nessa proposta de gestão que seria implementada pela empresa compradora. A estratégia da NZR em comprar hospitais com uma engenharia financeira peculiar parece ter despertado um encantamento na planície, ainda que, no momento, sem muitas explicações mercadológicas.

A diretora comercial do Hospital Prontocardio, Márcia Andrade, informou, por telefone, que os novos proprietários não querem falar sobre a transação de compra e venda da unidade. Mas, num momento em que a Operação Lava Jato passa o país a limpo, levando políticos e empresários para cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, há uma crença por parte da sociedade brasileira que os promotores de Justiça, que são os fiscais da lei, e a Polícia Federal estão sempre atentos a manobras sem base legal, o que por si só tranquiliza a população em geral e mais especificamente as partes envolvidas em qualquer negócio, contra as novas tentativas de burlar as leis. Portanto, mesmo negócios que parecem estranhos à primeira vista podem ter explicações concretas ao serem questionadas por quem de direito. Pelo menos é o que se espera.

O DNA de uma engenharia financeira criativa

Por trás dessa forma criativa de se fazer negócios estão o empresário Pedro Palazzo Nazar e o médico José Nazar. Pedro Nazar aparece figurando em outras sociedades também curiosas, como a que tem com o empresário Caio Brugnara Suassuna, filho de Jonas Suassuna, famoso por ser ninguém menos que o dono do famoso sítio em Atibaia (SP), que ficou conhecido no noticiário nacional por ter estar debaixo de uma grande investigação conduzida pelo juiz Sérgio Moro, em que se procura comprovar que o verdadeiro proprietário é o ex-presidente Lula, num lance de corrupção e lavagem de dinheiro. Moro já autorizou a abertura de inquérito para apurar se a OAS, a Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai, preso na Operação Lava-Jato, fizeram obras na propriedade.

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Executivo com atuação em diversos setores — os negócios de Jonas Suassuna vão da área editorial ao setor imobiliário — e com sócios variados. Fazem parte da lista, um dos filhos de Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e réus em ações judiciais da Operação Lava Jato.

Segundo matéria publicada no jornal O Globo, no ano passado, Suassuna e Lulinha são sócios na empresa BR4 Participações, e a relação vai além dos negócios: o empresário já pagou o aluguel do filho de Lula em um apartamento nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, no valor de R$ 6 milhões.

Mas, o principal empreendimento de Suassuna é o Grupo Gol, focado na edição de conteúdo impresso e digital no segmento de educação e entretenimento e que nada tem a ver com o gigante do ramo de linhas aéreas, apesar de homônimos. O conglomerado re- úne editora de material impresso e virtual, empresas de tecnologia da informação e criação de aplicativos, como a “Bíblia no celular”, que permite ao usuário ler e ouvir trechos, na voz do locutor Cid Moreira.

Outro fato que ganhou as páginas dos jornais envolvendo Suassuna foi a compra de um terreno na Ilha dos Macacos, ponto nobre de Angra dos Reis que foi comprado em 2012, por R$ 72,5 mil.

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A lógica empresarial muitas vezes subverte a razão comum, daí surgirem de tempos em tempos “Eikes Batistas” mundo afora. Mas, assim como Eike Batista encantou a muitos com seus sonhos, projetos e engenharia financeira nada usual e hoje se encontra preso em Bangu, outros que tentem andar pelos mesmos caminhos podem, caso não tenham estrutura sólida, transparente e rastreável, ter o mesmo destino.

Todo investimento legal em qualquer área é sempre bem-vindo, principalmente em momentos de crise, mas tudo que a população de Campos não precisa é de mais um escândalo envolvendo personagens do meio empresarial e político.