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Pedestres de Campos se recusam a atravessar passarelas na cidade

Eles preferem atravessar entre carros e caminhões da Rodovia BR-101

Campos
Por Redação
29 de março de 2017 - 15h21
Passarela na RJ-216 (Campos-Farol) - Foto: Silvana Rust

Passarela na RJ-216 (Campos-Farol) – Foto: Silvana Rust

Elas estão lá para facilitar a travessia de pedestres sobre uma das rodovias mais movimentadas do país, mas a maioria da população parece ignorá-las. As duas passarelas sobre a BR-101 em Guarus são usadas por poucos. Suas rampas de acesso, vazias, contrastam com o grande número de pessoas que preferem disputar espaço no asfalto com carros, ônibus e caminhões. Pela imprudência, paga-se com vidas humanas.

Foram os numerosos casos de atropelamento que levaram a população de Guarus a promover uma série de manifestações pedindo a construção das passarelas. Depois de muitos protestos e abaixo-assinados, no início da década de 1990 o governo federal construiu as duas passagens sobre a rodovia – próximas à Padaria Nogueira e ao Posto Novo Mundo. A travessia de pedestres no asfalto, entretanto, continuou acontecendo. “Eu admito que não uso a passarela, porque perco muito tempo andando até lá; sem falar o tempo que levo subindo, atravessando e descendo a rampa”, confessa o pedreiro Alamir Júnior. Ele confessa já ter presenciado muitos atropelamentos e acredita que existe comodismo por parte da população. “Se  instalassem grades entre as duas pistas, mais pessoas usariam as passarelas”, sugere. A manutenção da BR-101 neste trecho é responsabilidade da Autopista Fluminense. Mas, o assessor de imprensa da concessionária, Rodrigo Meira, a configuração da rodovia neste trecho urbano, em pista simples, impedem a instalação de barreiras que impeçam a travessia de pessoas por entre os carros e caminhões.

Segundo Meira, o uso da passarela passa por uma mudança de hábito. “Às vezes,

o usuário perde mais tempo aguardando o momento da travessia entre os carros do que leva subindo a passarela”. Para amenizar o problema, a concessionária realiza periodicamente a Campanha “Passarela Viva”, na qual são distribuídas cartilhas educativas aos pedestres. Nestas ocasiões, também são aplicados questionários com o objetivo de traçar o perfil dos usuários das passarelas. Uma dessas pesquisas indicou que muitas pessoas se sentiam inseguras na parte de cima da passarela por causa do grande espaçamento entre as barras dos guarda-corpos. No ano passado, o espaço foi diminuído. Ainda assim, a maioria da pessoas prefere continuar se arriscando na pista.

Jeitinho oficial

No trecho duplicado da Rodovia Campos- -Farol (RJ-216), no Parque Bela Vista, foi construída a terceira passarela de Campos. Com linhas modernas, ela quase não é usada pela população. Segundo moradores do bairro, a passagem é perigosa porque as rampas de acesso foram instaladas num terreno baldio, onde costumam ocorrer assaltos. E ainda existe um agravante: a própria prefeitura acabou estimulando a travessia entre os carros, construindo passagens no nível do asfalto, inclusive com faixas de pedestre. O resultado é um paradoxo: a passarela está lá, mas os pedestres continuam disputando espaço com os veículos – neste caso, ao contrário da BR-101, com a anuência do poder público.