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Teatro de Bolso reabre com novos ares nada condicionados

Em entrevista ao Jornal Terceira Via, o novo diretor do TB, Fernando Rossi, fala sobre os desafios

Campos
Por Redação
27 de março de 2017 - 7h00

fernando-rossi_Fernando Rossi, tem sobrenome de ator, se pensarmos no Itallo. Tem uma sensibilidade à flor da pele que ferve em várias temperaturas, mas também a frieza dos gestores qualificados, depois de uma década coordenando a área de cultura da Firjan e do Sesi em Campos. O Teatro de Bolso, que andou fechado por conta de um problema no ar-condicionado, reabre nessa segunda-feira, dia 27 de março, Dia Internacional do Teatro e véspera do aniversário de Campos com novos ares não condicionados à incoerência. Nesta entrevista Rossi fala da necessidade de uma política que fomente e democratize a cultura e sonha com uma escola de teatro nos moldes do Centro de Artes de Laranjeiras, a respeitada CAL, no Rio de Janeiro. De leve fez críticas aqueles que tentaram colocar a classe artística no bolso, fazendo um outro tipo de Teatro.

Depois de uma produção altamente elogiada no teatro do SESI, você aceita dirigir o Teatro de Bolso. Tem gente que acha pequeno demais pra você?

Primeiramente quero falar do orgulho que tenho de ter atuado por 10 anos no sistema Firjan, leia-se Sesi, em sua área cultural. Mas quanto ao tamanho do nosso TB, o teatro que leva o nome do grande Procópio Ferreira, eu me sinto minúsculo diante dele. Foi em 1975 que eu pisei no palco do TB como aspirante de ator em um festival de Teatro Infantil. Acho que estou no lugar certo na hora certa. E como esse teatro é grande, no sentido artístico da palavra.

Você pensa em fazer acontecer eventos com os festivais de teatro?

Tende a ser a espinha dorsal de tudo. Acho que o TB ficou fechado quase que uma gestão municipal inteira e foi um fechamento criminoso. Volto a afirmar que o TB é de suma importância para a vida cultural da cidade e nele ocorreram as manifestações mais importantes da classe teatral local, sendo a mais recente delas o movimento que ocupou o Teatro de Bolso.

E essa coisa do mutirão para reabrir o teatro?

Na verdade eu achei que iria encontrar em um estado pior. A questão do elevador, acessibilidade havia sido o primeiro momento. Depois o elevador foi colocado e veio o problema do ar-condicionado, o que foi inacreditável. Mesmo assim vamos estar reabrindo o teatro nessa segunda-feira, Dia Internacional do Teatro e do Circo. Surgiu uma parceria com o Sindicato dos artistas do Rio para realização do festival de esquetes, que acontece simultaneamente em seis cidades do estado. O Teatro ainda não está 100%. Vamos funcionar com um ar contratado, mas já auditamos e demos um prazo para que a empresa que instalou o ar definitivo solucione o problema, uma vez que consta que ela recebeu pelo trabalho. Antecedendo as eleições no ano passado o Teatro de Bolso foi palco de manifestações do pessoal da cultura, ilustrando o descaso naquele momento com este setor, e também pela precariedade do teatro.

Você inverte isso como?

A ocupação do TB em 2016 foi resultado da insatisfação geral da classe artística e de como ela era tratada. Foi uma ocupação legítima. Os artistas foram retirados,enganados com a promessa de 60 dias. Tudo seria resolvido, o que não aconteceu.

Dizem que você ao mesmo tempo que é intenso, no trabalho, tem os pés bem fincados no chão. Falam que você foge do épico. Que tipo de calendário podemos esperar no Teatro de Bolso?

Temos que ter noção e medir a distância do sonho e da realidade. Mas dá para fazer algo bacana. Não é preciso de um grande orçamento, de grandes cachês. Tudo a gente negocia. É possível fazer isso. Pode se fazer com menos.Montar uma programação de qualidade utilizando poucos recursos, com parcerias. A pauta tem que priorizar a produçãolocal, uma casa que respire, com ensaios, apresentações, ciclo de leituras dramáticas,oficinas, escola, como a CAL.

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Se a gente reparar de perto, Campos conta com muitos espaços de teatro, contando o do Sesc, SESI, Senac, e espaços como o da Faculdade de Medicina, o próprio Centro de Convenções da Uenf, e até um anfiteatro abandonado no Parque Alberto Sampaio, além do Trianon. A gente não poderia ter uma produção de teatro bem melhor?

Certamente. Mas é preciso ter uma política cultural forte e à altura da população campista. Estamos começando a formatar tudo isso.

Você já definiu uma política de cultura para o teatro do TB com a presidente da Fundação, Cristina Lima?

A orientação dela é ouvir a classe artística. Estabelecer um diálogo permanente e isso já seria uma grande diferença. Uma política cultural para todos. No momento a estrutura, os equipamentos artísticos, todos estão sucateados. Precisamos saber quem são os artistas, onde estão e para onde pretendem caminhar. Fazer esse diagnóstico é necessário.

Qual é o grande desafio?

Não decepcionar as pessoas que me consideram transparente e responsável. É a suma e a soma do desafio.

Como que um artista nato se transforma em gestor?

Em um momento na minha vida tive essa dúvida. Aconteceu naturalmente no Sesi-Firjan, fiz cursos, me disciplinei e o resultado saiu naturalmente.

Você conhece o Danilo Miranda, um campista que está no tipo da cultura brasileira, comandando o Sesc em São Paulo?

Danilo Miranda é uma referência e um orgulho para todos nos. É incrível a forma como administra a cultura do Sesc em São Paulo. É uma das expressões maiores da cultura brasileira em se tratando de gestão, e tem conhecimento internacional. Além disso tudo, é campista.

Você não acharia interessante, não só o teatro, mas as diversas áreas culturais de Campos se aproximar um pouco mais do Danilo?

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Acho interessante buscar parceria com ele, desde conselhos, até aparelhos se for possível. Cristina vai fazer essa ponte. Nada de grandes eventos, porque evento o vento leva.

Pelo que se percebe o Teatro de Bolso deve ancorar espetáculos de menor porte no seu aspecto de produção, centrando na classe artística local. Mas fala-se em uma escola de teatro nele. Isso é fato?

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Temos essa hipoteca para pagar. É preciso cuidar do artista. Muitas vocações se perderam pela ausência de uma política cultural forte, presente. E isso está incluído naquela soma de desafios de sua pergunta anterior.

O que está fazendo falta na vida cultural de Campos, ou o que sempre fez?

Temos talentos. A cidade é muito rica em talentos. Falta fomento. Fomentar um movimento que revela os talentos é essencial. Acredito muito nos festivais de dança, música e teatro. Pode parecer convencional ou conservador, mas o primeiro passo é esse.

Quando que o teatro de Bolso vai mostrar a sua nova cara?

Nessa segunda-feira, sem nenhuma maquiagem. Não queremos maquiagem. Queremos o TB com a cara da nossa gente.