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Mulheres trabalham 5,4 anos a mais do que os homens, aponta estudo do Ipea

Instituto divulga nota defendendo manutenção de idades diferentes para aposentadoria

Geral
Por Redação
27 de março de 2017 - 15h01
Mulheres trabalham mais que os homens, considerando a jornada doméstica

Mulheres trabalham mais que os homens, considerando a jornada doméstica

A mulher trabalha 5,4 anos a mais que o homem ao longo de cerca de 30 anos de vida laboral, resultado dos afazeres domésticos. O cálculo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foi feito a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mesmo estudo indica que, em cerca de 30 anos, as mulheres somam em média 22,4 anos de contribuição para a Previdência Social. Segundo a pesquisadora do Ipea Joana Mostafá, as interrupções na contribuição previdenciária feminina são causadas por situações como desemprego, trabalho informal, afastamento do mercado de trabalho para cuidar dos filhos, entre outras. Com base nesse cenário, o Ipea lançou uma nota técnica na última semana na qual defende que as idades de aposentadoria de homens e mulheres devem ser diferentes. Pelo atual sistema, a mulher se aposenta cinco anos mais cedo que o homem. “A princípio, a diferença é justificada”, disse a pesquisadora. Atualmente, para se aposentar, o homem deve acumular 35 anos de contribuição e a mulher, 30. Há ainda a opção da aposentadoria por idade, que exige 15 anos de contribuição e idade de 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de reforma da Previdência, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados, altera esse modelo e estabelece como condição para a aposentadoria no mínimo 65 anos de idade e 25 anos de contribuição para homens e mulheres. Um dos argumentos do governo para a mudança é que as mulheres vivem mais que os homens. Segundo dados do IBGE, ao atingir os 65 anos, a mulher tem uma sobrevida 3,1 anos superior à do homem.

Para Joana Mostafá, usar a sobrevida como base para equiparação das aposentadorias está em desacordo com a função da Previdência. “O acordo da Previdência é um acordo social. Ele visa, entre outras coisas, compensar algumas desigualdades do mercado de trabalho”, afirma. A pesquisadora destaca que outros fatos, além da jornada dupla de trabalho, distanciam a realidade feminina da masculina. “Estamos falando da desigualdade ocupacional, da diferença de salários e da taxa de desemprego, que é maior entre as mulheres do que entre os homens. A mulher poderia contribuir mais [para a Previdência] se não fossem essas dificuldades”, afirma.