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João Vicente Alvarenga faz relançamento de seus livros sobre teatro e filosofia

A noite de autógrafos acontecerá na próxima quinta-feira (30), no Museu Histórico de Campos

Campos
Por Redação
23 de março de 2017 - 15h20
João Vicente Alvarenga lança a nova edição de "Três Atos da História do Teatro em Campos"

João Vicente lança sua nova edição de “Três Atos da História do Teatro em Campos”

Professor, ator, poeta e escritor, João Vicente Alvarenga não sai de cena. As cortinas se abrem novamente para ele no dia 30 de março, quando lançará a terceira edição do livro “Três Atos da História do Teatro em Campos”, que conta a trajetória das artes cênicas na cidade nas décadas de 70, 80 e 90. O lançamento será às 19h30 no Museu Histórico de Campos, com noite de autógrafos. Na ocasião, João também fará o relançamento de “Provocações Autobiográficas”, uma obra de cunho filosófico que discute a relação do Eu com a modernidade contemporânea e o quanto isso é suficiente para se existir ou deixar de existir.

“Eu gostaria muito de ter a participação de estudantes para que eles possam conhecer um pouco não só da história do teatro, mas também a história do Eu. Porque todo mundo tem as suas subjetividades”, convida o autor, que tem presença ativa na cultura de Campos desde 1973.

João Vicente militou ao lado de artistas locais numa época em que se “fabricava” teatro praticamente em escala industrial. “Em certas ocasiões, a gente estava apresentando uma peça infantil durante o dia, uma peça em cartaz à noite e já ensaiando uma próxima para uma temporada seguinte”, recorda. Em sua opinião, essas décadas são um importante referencial, não só do teatro, mas da cultura de uma maneira geral.

“Três Atos” relata fatos como a criação da Associação Regional de Teatro Amador (Arta) e a abertura do Teatro de Bolso, que foi palco de movimentos de resistência. Em plena Ditadura Militar, o Brasil vivia a época da censura, que produziu episódios curiosos. João recorda que os textos teatrais, antes de serem apresentados, tinham de ser enviados à Polícia Federal, que autorizava ou não sua apresentação ou suprimia alguns trechos considerados subversivos. Uma vez aprovado o texto, era marcado um ensaio geral com a presença de policiais federais. “Quase nunca a gente mantinha a censura; apresentava o texto integral, sem cortes. Outras vezes, eles proibiam a peça. Então, a gente apagava as luzes da frente do teatro e o público entrava pela porta de serviço”, entrega o autor do livro, entre risadas.

Houve casos marcantes, como a montagem do espetáculo “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, proibido em todo o país. Num claro desafio à ordem imposta, o diretor Félix Carneiro reuniu alunos da Faculdade de Direito de Campos para uma montagem clandestina. No dia da estreia, o Teatro de Bolso foi fechado pela Polícia Federal e Félix, citado a responder um inquérito pelo ato de desobediência. Graças à interferência do então vereador Hélio Coelho, a peça acabou sendo liberada e sua temporada foi sucesso de público.

João Vicente ainda mantém um pouco – ou muito – daquele espírito revolucionário. Em relação aos teatros fechados de Campos, ele acha importante cobrar a realização de obras de infraestrutura. “Se o teatro não está em condições de abrir por falta de ar condicionado, acessibilidade, rota de fuga ou interdição dos bombeiros, isso precisa ser resolvido”, observa, com diplomacia.

Mas, em sua opinião, teatro fechado não pode ser desculpa para falta de ação. “Se tem coisa para apresentar, entra lá, mete o pé na porta, entra, se apodera do teatro e apresenta. Garanto que ninguém vai incomodar. Se você tem o que fazer lá dentro, entra e faz. Se não tem, fica quieto. Cultura que não é subversiva não é cultura; é burocracia ligada ao poder”. É a opinião de um ator que, em 44 anos bem vividos nos palcos da cidade, não tem medo de interpretar seu próprio papel.