×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Guarus mostra potencial e ganhará o 1º shopping

São mais de 123 mil habitantes e um território maior que muitas cidades

Campos
Por Redação
12 de março de 2017 - 7h00
guarus-av-zuza-mota-silvana-rust-3

A Avenida Nazário Pereira Gomes é o retrato de uma Guarus que se movimenta com seus 123 mil moradores (Foto: Silvana Rust)

O Paraíba do Sul é um dos mais belos cartões postais de Campos dos Goytacazes. O rio da “mágica torrente”, como é descrito no hino do município, divide a cidade em duas partes que em nada têm de iguais: na margem direita, estão o Centro e a Baixada Campista; na margem esquerda está Guarus, também formosa e intrépida, mas ainda subestimada. Razões para tal desdém, não há: com mais de 120 mil habitantes, o 3º subdistrito de Campos reúne inúmeras características que o tornam parte fundamental na engrenagem econômica, social e cultural do município. E agora, mais do que nunca, mostra sua força: esta importante região da cidade foi escolhida pelo Grupo Barcelos & Cia para a construção de um shopping center. Para o primeiro grande centro comercial de Guarus, já existem grandes vários comerciais confirmados.

Uma cidade dentro da cidade

Ao caminhar pelas ruas desta região da cidade, é difícil evitar o questionamento: é possível que esse lugar tão grande e, ao que parece, tão independente ainda seja parte de Campos? São 213,7 km² de extensão territorial divididos em 26 bairros, o que faz do subdistrito maior que muitos municípios do estado do Rio de Janeiro, como Niterói e Volta Redonda. Se a comparação for feita com base no contingente populacional, Guarus tem mais moradores que 70% das cidades fluminenses. E entre toda essa gente, aproximadamente 80 mil possuem título de eleitor. Diante desses números, não há para onde fugir: descreditar Guarus é fechar os olhos para metade de Campos.

Em Guarus, estão instalados o distrito industrial do município, o Aeroporto Bartolomeu Lyzandro, a 2a Companhia de Infantaria (antigo 56o BI), a Usina Sapucaia, o Teatro do Sesi, o Centro de Educação Ambiental (CEA), o Parque Municipal da Lagoa do Vigário, o Solar da Baronesa, o Parque Municipal do Taquaruçu, um variado comércio que cresce a cada dia, inúmeras escolas particulares, agências bancárias e centenas de empresas.

E engana-se quem pensa que não há luxo do outro lado do rio. Embora o índice de vulnerabilidade social seja considerado alto pelas autoridades, em Guarus também estão instalados alguns dos mais luxuosos prédios e condomínios da cidade. É o caso do Edifício Concorde, situado no bairro Jardim Carioca; e do Condomínio Villa Alice. Nesses locais, moram muitos empresários que decidiram fugir do eixo Pelinca-Flamboyant e procuraram morada em uma área menos óbvia, mas sem abrir mão do conforto.

Em 1890, Guarus era chamada de Freguesia de Santo Antônio de Guarulhos e compreendia toda a área localizada na margem esquerda do Rio Paraíba, bem como os municípios de São João da Barra, Itaperuna, Cambuci, São Fidélis e parte do estado do Espírito Santo. Com a criação de novos distritos e a emancipação das cidades, o território foi reduzido e o antigo distrito de Guarus foi anexado ao primeiro distrito de Campos dos Goytacazes em 1967.

“Se depender de mim, eu não saio daqui” order Antabuse

guarus-silvana-rust-18

A exemplo do avô, Rafael Diniz mora em Guarus, onde sempre iniciou suas campanhas (Foto: Silvana Rust)

Muita gente não sabe, mas o prefeito Rafael Diniz mora em Guarus. Há 10 anos ele se mudou definitivamente para a casa que pertenceu ao seu avô, o ex-prefeito José Carlos Barbosa, o Zezé Barbosa. Embora morasse com os pais no Centro, Diniz passou a infância no quintal da casa dos avós, localizada no bairro Jardim Carioca. “Quantas vezes eu saía da escola, vinha direto para cá e passava a tarde brincando por essas ruas… E todos os finais de semana nós nos reuníamos aqui, especialmente aos domingos, porque nossa família sempre se juntou para almoçar nesse dia, tradição que mantemos até hoje, mesmo na ausência do meu avô e do meu pai”, recorda o prefeito.

Rafael garante ter “um orgulho imenso” em dizer que o avô nasceu e morreu em Guarus, e que pretende seguir a mesma regra. Aliás, seguir os passos de Zezé Barbosa não é uma novidade para Diniz. Além de também estar trilhando uma carreira política, ele fez questão de que as reuniões das campanhas, tanto para vereador quanto para prefeito, começassem no subdistrito, bem como Barbosa fazia.

“Meu avô exigia que todas as reuniões dele começassem aqui, e eu quis que fosse igual. As minhas reuniões como candidato a vereador começaram e terminaram aqui. As de prefeito, eu também fiz questão que começassem aqui. Foi engraçado porque eu gostava sempre de começar em casa, como vovô também fazia. A convenção do partido não poderia ser aqui por causa do espaço, aí eu falei assim: ‘se não vai ser aqui, vai ser em Guarus’. Foi no Rio Branco”, conta.

Para Rafael, Guarus é sinônimo de paz e tranquilidade. “Uma das coisas que eu mais gostava quando tinha mais tempo livre era acordar no domingo, tomar um banho, colocar uma sandália e ir tomar uma cervejinha no bar do Ari ou no quiosque de Orli. E de vez em quando ainda faço isso porque é importante que o prefeito mantenha a rotina”. Quando questionado sobre a criação dos filhos, ele não hesita em afirmar que quer vê-los crescer em Guarus. “Quem sabe do meu futuro é Deus, mas, se depender de mim, eu não saio daqui”.

Emancipação continua na pauta

Por muito tempo, pairou no imaginário campista a possibilidade de emancipar toda a área à margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. A primeira discussão efetiva sobre o assunto começou quando o então deputado Paulo César Martins apresentou na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) o movimento “Por uma Guarus livre”.

edificio-concorde-em-guarus-silvana-rust-20

Concorde: em Guarus também estão instalados alguns dos mais luxuosos prédios e condomínios da cidade (Silvana Rust)

Na ocasião, diversos outdoors com a frase foram espalhados pela cidade a fim de conscientizar população a respeito do tema. Ao contrário do que sonhava o idealizador, a campanha teve pouco apoio das autoridades competes e dos próprios moradores. Mas a maioria não é o todo: a Associação dos Empresários do Comércio, Indústria e Transporte de Guarus (Adecit-G) ainda acalenta este sonho. Segundo um dos diretores da entidade, Moisés Batista, Guarus teria potencial o suficiente para se manter independente.

A discussão não saiu da pauta nem mesmo quando a prefeita Rosinha Garotinho assinou uma lei há quatro anos tirando de Guarus o posto de distrito, transformando-o no 3º subdistrito de Campos, o que impediria uma possível emancipação. De acordo com a lei, subdistrito não pode ser emancipado. “Essa medida é reversível e estamos lutando para isso”, afirma Moisés. Segundo ele, circula pelos bairros um abaixo-assinado com o intuito de angariar apoio para a “alforria” de Guarus.

Mas há quem critique essa medida. Para o gerente de manutenções Paulo César Cordeiro, que trabalha no subdistrito há 40 anos, a população seria a principal prejudicada caso a medida saísse do papel. “Os moradores de

Guarus perderiam muitos direitos e eu, sinceramente, não vejo vantagens. O que precisa ser resolvido com urgência é o transporte público.

Isso sim, merece a atenção do governo. Esses que querem a emancipação estão procurando ‘sarna para se coçar’”, opina.

Projeto do shopping já está em fase final

Um dos maiores grupos empresariais do interior do estado, o Barcelos & Cia, que engloba a maior rede de supermercados de Campos, o Super Bom, começa a construir este ano o primeiro shopping de Guarus, na Avenida José Carlos Pereira Pinto. O projeto arquitetônico está em fase final, mas o conceito do empreendimento já foi formatado. Segundo o empresário Joilson Barcelos, da Barcelos & Cia, uma pesquisa identificou aquela área com um grande potencial para atender à demanda de bairros como o Jardim Carioca. Para ele, a José Carlos Pereira Pinto é hoje um dos grandes corredores comerciais de Campos.

“O projeto é ambicioso para a área, na opinião de muitos. Mas estamos com os pés no chão. Temos lojas em Guarus e sabemos da potencialidade de seus bairros. Todo o projeto foi antecedido de pesquisa de campo, e temos certeza que será um empreendimento que irá superar as expectativas”, diz Joilson Barcelos.

purchase lioresal

O empresário adianta que o Shopping terá como âncoras uma loja de sua rede de supermercados, além de outras de eletrodomésticos de rede nacional que estão apostando no projeto. Também estão previstas agências bancárias, lotéricas, lojas de utilidades do lar, de vestuário e um restaurante.

Para Joilson, Guarus é um mercado consumidor forte, e que faz compras do lado direito do Rio Paraíba do Sul exatamente pela falta de opções. Segundo ele, o projeto está praticamente viabilizado em se tratando de venda de espaços antes mesmo do seu início.

Distrito industrial busca apoio para crescer

Lasix without prescription

Em Guarus, está localizado o Distrito Industrial da Codin, onde está concentrada a maior parte das indústrias do município. Atualmente, existem 14 empresas ligadas à Associação das Indústrias da Codin e Guarus (AIC). São companhias das áreas de metalurgia, construção civil, vidros, frigorífico e tintas, entre outros ramos. No entanto, segundo o presidente da AIC e membro do conselho da Firjan, Lucas Vieira, a maioria delas está funcionando no limite da capacidade.

Os motivos para a queda na produção seriam dois: a crise econômica que afetou todo o país e também a falta de uma política de desenvolvimento por parte do governo municipal. O presidente explica que muitas empresas tiveram que diminuir a produtividade e o número de funcionários.

Uma das maiores indústrias de Guarus, a Schulz, fechou as portas em 2015 devido à queda no setor petrolífero. “O problema é que Campos não possui uma política industrial bem fundamentada.

Hoje não há sequer um incentivo para que as empresas sejam instaladas aqui. Não há financiamento, não há desburocratização e não há isenção. Por esse motivo, muitas   indústrias ficam desestimuladas”, afirma.

Lucas diz que já se reuniu com cinco secretários municipais a fim de traçar uma estratégia. “Estou esperando que essas questões sejam discutidas de forma efetiva, porque até o momento só houve conversa. A proposta é fazer com que a iniciativa privada tenha condições de investir no nosso município”, observa.