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Entrevista Ranulfo Vidigal: “Campos é um município rico”

Economista mostra que o município tem um PIB maior do que o de muitas capitais e um mercado interno invejável

Economia
Por Coluna do Balbi
13 de fevereiro de 2017 - 7h00
Ranulfo Vidigal: "Campos é uma cidade rica com um produto interno bruto invejável e um mercado consumidor capaz de seduzir qualquer empresa". (Foto: Silvana Rust)

Ranulfo Vidigal: “Campos é uma cidade rica com um produto interno bruto invejável e um mercado consumidor capaz de seduzir qualquer empresa”. (Foto: Silvana Rust)

 

Ele é economista conceituado e mestre em políticas públicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Tem um capital de ideias capaz de bancar boas teses. Nesta entrevista fez uma revelação que vai surpreender muita gente: Campos é uma cidade rica com um produto interno bruto invejável e um mercado consumidor capaz de seduzir qualquer empresa. Então qual seria o problema e onde está a solução? É isso que ele explica. Para Ranulfo Vidigal Campos exportou muito dinheiro, descuidou a formação profissional e investiu muito pouco em agricultura. Para ele, o novo prefeito tem que investir pesado em Agricultura na hora de estabelecer o orçamento. Ao mesmo tempo tem que amplificar essa performance financeira e esse mercado interno para atrair empresas. Disse não acre3ditar muito no projeto Barra do Furado em curto prazo, mas acha que Rafael Diniz e Carla Machado, de São João da Barra devem sentar na mesma mesa e priorizar uma política pública para o Porto do Açu.

O volume de riqueza, que você apurou, circulante em Campos parece algo estranho aos ouvidos de qualquer um, isto gira em torno de que valor hoje?

Olha, se nós olharmos as contas do valor adicionado fiscal que é declarado anualmente à Secretaria de Estado de Fazenda, que é uma declaração de próprio punho da contribuição de cada empreendedor, do quanto se gera de riqueza para a sociedade, pode-se constatar que neste ano de 2017, esta riqueza potencial de uma cidade de 500.000 habitantes não vai ficar inferior a 22 bilhões podendo chegar a 25 bilhões anualmente. Isso significa dizer que estas pessoas todo final de mês tem uma renda, fazem compras em supermercados, shoppings, passeiam, vão ao cinema, gerando receita e empregos, contratam serviços, portando é uma economia vibrante. Campos tem uma economia vibrante, um empreendedor vibrante.

É vibrante, é um produto interno bruto invejável, mas ele é concentrado ou já começa a se diluir um pouco socialmente falando?

Já foi mais concentrado, mas hoje eu diria que 70% deste contingente de 120 mil empregados formalmente estão na faixa de 2 a 4 salários mínimos, o que não é desprezível. E tem uma classe média alta em torno de 5% que tem renda acima de 10 salários mínimos. Portanto é uma sociedade dinâmica, não é uma sociedade que possa neste momento ficar encabulada de tentar crescer e virar o jogo.

Então você diria que até a um tempo atrás, não vamos falar do ano em curso que mal começou, a economia e o quê ia mal?

Eu diria que a sociedade de Campos está vivendo um divisor de águas, ela não quer um dirigente que pense nela pensando em outra. Ela quer um dirigente que pense nela apaixonado por ela. Ou seja, nós tínhamos um grupo político que pensava a cidade, mas sonhava com o Palácio Guanabara, sonhava com Brasília. Pois agora a sociedade diz não! Quer Campos como prioridade máxima, quer o dinheiro circulando aqui.

Você quer um político que não se auto priorize?

Sim, hoje o político tem que pensar o seguinte, o que eu posso fazer pela minha cidade? E a sociedade tem que pensar o que eu posso fazer pela minha cidade, e não o contrário o que cidade pode fazer por mim, na forma de benefícios, de festas e outras coisas mais, tinha até dinheiro com o petróleo em alta, era normal até que se fizesse, mas agora com o petróleo com valor baixo, você tem que fazer mais com menos.

Esse número que você falou é realmente estonteante e pouco divulgado, você não acha que qualquer cidade com a massa de riqueza que Campos têm anualmente não seria um atrativo para qualquer empresa querer vir para cá? Lasix online

Eu não tenho a menor dúvida, qual a empresa que não quer um mercado consumidor deste tamanho, com 120 mil pessoas todo mês indo a supermercado e comprando com salários médios razoáveis? Eu diria que à medida que a sociedade exportava demais parte da sua riqueza, pois se tem notícia que ao invés de contratar um empreendedor local para administrar o sistema de ambulância, era uma fundação de não sei onde. Ao invés de se comprar um software do setor local que sabe fazer, este software vinha de Belo Horizonte, enfim ao invés de fazer um grande sistema de pequenos empreendedores locais, no setor de construção civil, se contratou uma mega empresa nacional que levou 1 bilhão do orçamento para fazer as casinhas populares.

Você está falando da Odebrecht?

Esse dinheiro pouco circulou aqui, na melhor das hipóteses metade disto circulou por aqui.

Fomos um grande exportador de dinheiro?

Somos, e precisamos deixar de ser urgentemente, essa massa empreendedora não aguenta mais a saída de capitais. São as perdas locais que não aguentamos mais. Outro dado, nos últimos anos, em função da crise, que era da política local, mas também era nacional, de dez a doze mil pessoas perderam vagas de emprego formal na cidade de Campos, e isso tirou do comércio 30 milhões por mês. Isso faz diferença em qualquer lugar do mundo, e mesmo assim o empreendedorismo se manteve, claro que tivemos muitas lojas fechadas, mas tem um segmento que apesar de toda a crise manteve-se. Este segmento que é remanescente vai ter condição de na volta da crise ser o primeiro a acelerar a contratação na cidade.

Você está falando da construção civil?

Sim, e do comércio, do setor de serviços, Campos é um polo do setor de ensino, têm empresas de alto nível de Ensino Superior, tanto privadas como públicas, credenciadas internacionalmente como é o caso da UENF. Uma cidade que tem massa crítica, 20 mil universitários para agregar valor. Temos que acreditar nesta sociedade.

dopoxetine without prescription O novo prefeito de Campos, Rafael, você acha que a saída para ele captar, atrair, usar Campos como um imã de investimentos, seria vender, não o futuro, mas esta saúde financeira? Parece que estamos debilitados e você mostra que estamos bem?

Nós temos potencial, uma sugestão concreta que eu faço ao prefeito, transforme a Secretaria de Agricultura em secretaria de fato, dote esta secretaria de infraestrutura, dando condição material de apoiar o pequeno e médio agricultor. São esses agricultores familiares que geram muito emprego. Outro exemplo faça uma grande parceria para atrair uma empresa ambiental para dotar a cidade de árvores, arborizar a cidade, a temperatura média de nossa cidade é absurdamente alta.

Nós cortamos as árvores e plantamos asfalto? generic nolvadex

Exatamente, temos que agora fazer o movimento contrário. Terceiro ponto importante ao prefeito, não acredite muito que Barra do Furado vai dar a saída, porque depende de uma carga de subsídios expressiva, subsídios estes que o Estado quebrado não pode dar, o governo Federal com a resolução do Senado vai trancar gastos e a nível local ele não tem como dar a contrapartida. Nem Campos nem Quissamã, então o projeto de Barra do Furado, que é altamente potencial, talvez tenha que esperar um pouco, quando a conjuntura internacional permitir. A Petrobras fez seu ajuste, os estaleiros estão sendo contratados lá fora. Diante dessa conjuntura e da falta de subsídios, será que Barra do Furado vira verdade da noite para o dia? Eu questiono e não acredito muito.

Então seria mais plausível o Rafael interagir mais com São João da Barra e o porto do Açu?

Principalmente, 60 por cento dos empregados no Açu é campista e os 20 por cento que vieram de fora moram em Campos, e moram porque as escolas, a oferta de saúde o Trianon estão em Campos e a cidade pode viver de forma equilibrada. Com 500 mil habitantes dá para fazer uma cidade com melhor qualidade de vida, desde que as políticas públicas sejam feitas com menos dinheiro e mais eficiência e que se acabe com esta história de exportar riqueza para outros municípios, o que não tem nenhuma contrapartida. Nós temos que criar aqui o empreendedorismo local nas questões da construção civil, do pequeno agricultor, valorizando nosso setor de serviços de saúde e que é de muito boa qualidade. Valorizar o artista local na questão cultural e evitar gastar dinheiro com shows nacionais, porque hoje nós não temos dinheiro para isso, mas temos uma cultura enraizada dentro de nós, temos teatros maravilhosos, enfim se nós vivermos um pouquinho para dentro de nós, com o potencial que temos, vamos paulatinamente sair da crise, pois a economia brasileira e internacional vão sair da crise. É como se nós pegássemos um vagão de um trem que vai voltar, mas se continuarmos a mandar nosso dinheiro para fora, acho pouco provável que tenhamos chance nesse trem.