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Contorno da BR-101 volta à gaveta

Empresários contestam traçado que seria executado em 2017, o que deve atrasar cronograma de obra

Campos
Por Redação
22 de janeiro de 2017 - 0h01
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Estão sendo duplicados 176,6 quilômetros da BR-101 entre Campos e Rio Bonito (Carlos Grevi)

As viagens de Campos para a Região dos Lagos, Baixada Litorânea ou Rio de Janeiro foram encurtadas em aproximadamente meia hora. Isso porque 176,6 quilômetros da BR-101 entre Campos e Rio Bonito estão sendo duplicados. Destes, 82 km já foram entregues. Os acidentes reduziram. As mortes também. Os buracos quase não são vistos. Mas nem tudo são flores.

O tão esperado contorno da rodovia, em Campos, com obra prevista para começar este ano pode não sair do papel em 2017. A Sociedade Civil Organizada e empresários ligados à Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) apresentaram sugestões à concessionária Autopista Fluminense que vão modificar o traçado previsto e atrasar a aprovação do projeto pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, consequentemente, o início das obras.

Segundo a concessionária, o novo traçado do contorno de Campos começaria no km 51 da BR-101, em Guarus, e terminaria no km 84, em Ibitioca. Entre esses dois pontos, o contorno passaria por localidades próximas a Sapucaia, Santa Cruz e Lagoa de Cima. Porém, de acordo com a concessionária, empresários da região apresentaram sugestões para que esse projeto aumentasse em mais seis quilômetros, passando a fazer ligação com o km 46, em Travessão.

“O projeto atual está na ANTT para ser aprovado e o início das obras está previsto para 2017. Com as novas sugestões, um novo projeto terá que ser feito e enviado para aprovação da ANTT mais uma vez e o início da obra, consequentemente, será adiado”, explicou a assessoria da Autopista Fluminense.

A ANTT confirmou que o estudo que já existente foi contestado e, por isso, não há definição de traçado. Não há prazo para que o novo estudo técnico seja concluído e aprovado, assim como não há mais uma previsão para início das obras.

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Já foram entregues 82 quilômetros duplicados pela concessionária que administra a rodovia (Foto: Carlos Grevi)

O motorista que passa diariamente pela estrada, no Parque Rodoviário, não gostou da notícia. “Todos os dias perdemos vários minutos no engarrafamento neste trecho. O motivo é a disputa da BR por nós moradores de Campos e por motoristas do restante do país que trafegam por aqui transportando cargas”, disparou o advogado Rodrigo Barreto.

Outro entrave na BR-101 é a duplicação do trecho Campos/Vitória que, apesar da existência de um pedágio e algumas melhorias, a pista continua simples em cerca de 60 quilômetros. Sobre isso, a ANTT informou que está pendente a reapresentação do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental, “em razão da solicitação da concessionária para refazer o estudo, após necessidade de aumento de capacidade. A solicitação para a nova análise foi autorizada pela ANTT, que aguarda a reapresentação do estudo”.

Não há dúvidas de que o contorno trará benefícios para Campos. O atual trecho, entre Ibitioca e Travessão, passaria a ser uma via municipal e utilizada pelos moradores. O trânsito pesado de caminhões que cortam o Brasil escoando produções industriais e comerciais passaria por fora da cidade.

O novo contorno também pretende limitar o tráfego na região do Parque Rodoviário, em Campos. Atualmente, constantes engarrafamentos são registrados no local porque os carros de passeio disputam a estrada com os veículos pesados. “O volume médio diário de veículos na BR-101 RJ/Norte é de 72 mil veículos. Deste total, 24% são comerciais”, informou a Autopista.

Privatização trouxe redução de acidentes e mortes na estrada
Dados estatísticos da concessionária comprovam que o índice de acidentes subiu em 940 casos entre 2009 e 2012. A partir de 2012, quando os primeiros trechos duplicados foram entregues, os números de acidentes começaram a baixar. Em quatro anos baixou de 4.586 acidentes para 3.489 em 2016.

O número de mortes em acidentes caiu de 195 casos para 114, entre 2012 e 2016. No ano passado, o número de feridos ficou em 2.107 pessoas. Em 2011 a quantidade de feridos chegava a 2.609. Segundo a concessionária Autopista Fluminense, o tipo de acidente que mais mata na BR-101 é a colisão frontal, muito comum em trechos de pistas simples. Os dados da concessionária comprovam que o número de mortos neste tipo de acidente caiu de 148 para 109 em oito anos. Dos 94 mortos em acidentes deste tipo em 2012, 2016 registrou 35 mortes, 59 a menos que em 2012. Em 2014, 261 pessoas morriam na BR-101 vítimas de colisão frontal. No ano seguinte, este número caiu para 42 mortos e ano passado para 35.

O segundo tipo de acidente que mais mata na BR-101 é o atropelamento. Os números apontam um crescimento nesse sentido. Em 2014, 23 pessoas morreram atropeladas, em 2016 foram 27. A Polícia Rodoviária Federal explica que o atropelamento é registrado, muitas vezes, nos trechos urbanos das rodovias quando os moradores costumam atravessar a rodovia com frequência e, geralmente, sem utilizar as passarelas. As mortes por saída de pista zeraram em 2016. Em 2014, 19 pessoas perderam a vida desta forma.