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Mais duas empresas fecham as portas em Campos

A Cosatel encerrou as atividades em Campos e a Unidrinks fechou as portas da fábrica Bela Joana, no limite com São Fidélis

Economia
Por Redação
18 de janeiro de 2017 - 6h00
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Foto: Jornal Terceira Via

Maria tem dívidas na padaria, na farmácia e na loja de roupas e calçados. A empresa onde Maria trabalhava teve que fechar as portas por causa da crise e, agora, não emprega ninguém. Esse círculo, que começa com as reduções no preço do petróleo, na produção industrial e nas vendas do comércio, é o sintoma claro de uma falência múltipla que paralisou, dia após dia, os municípios de todo o país. Em Campos, fábricas de setores variados se tornaram verdadeiros cemitérios. Algumas buscam alternativas para voltar a operar, como é o caso da Cosatel Construções Saneamento e Energia Ltda. Outras, como a fábrica de sucos Bela Joana, ainda esperam compradores. Localizada entre o limite dos municípios de Campos e São Fidélis, a fábrica de sucos foi inaugurada pelo grupo MPE, em 2000.

A indústria gerou uma grande expectativa no ramo de negócios com a fruticultura na região, além de gerar empregos. Mas, posteriormente, foi desativada. Em abril de 2013, o Grupo Arbor Brasil, – agora Unidrinks – comprou do grupo MPE a sede da antiga Bela Joana, de quem já havia arrendado o empreendimento no final de 2011. Hoje, o local está completamente abandonado. Moradores do entorno não sabem dizer os motivos pelos quais a fábrica foi desativada meses depois da reinauguração. Aparelhos de ar-condicionado instalados deterioram com o tempo. Na entrada, cinco tambores metálicos são usados para bloquear uma possível invasão ao espaço que chegou a gerar 300 empregos diretos.

À época, o diretor do grupo MPE, Renato Abreu, declarou que o seu ramo de negócios era a Engenharia. No entanto, se sentia muito feliz por ter plantado a semente, e que com o grupo MPE à frente, o negócio tinha tudo para alavancar. O Grupo Arbor foi criado em 1969 e hoje é o segundo colocado no seu perfil de produção. Com sede em Teresópolis, também tem braços no Rio Grande do Sul, onde produz uvas para vinhos. A unidade da região Serrana do Rio de Janeiro produz cervejas especiais, energéticos, chás, entre uma série de outros produtos sofisticados, como suíços 100% naturais e abacaxi com hortelã. Não houve anúncio oficial de encerramento de atividades.

Além disso, nenhum representante da empresa foi localizado para comentar sobre o assunto. Cosatel No dia 2 de dezembro do ano passado, a Cosatel Construções Saneamento e Energia Ltda comunicou – por meio de um jornal impresso – aos fornecedores e ex-funcionários que encerrou as atividades no município de Campos. A empresa prestava serviços à Furnas Centrais Elétricas. O comunicado informava ainda que para o recebimento de correspondências extrajudiciais, judiciais ou outros fins, o interessado devia procurar a sede da empresa que fica na cidade de São José, em Santa Catarina. O Jornal Terceira Via entrou em contato com a empresa. Um funcionário que se identificou como Ronilson disse que o contrato com a Furnas foi encerrado em novembro do ano passado.

Ele afirmou, ainda, que todos os empregados receberam os direitos trabalhistas. José Azevedo é morador do Cidade Luz, em Guarus, e trabalhou na Cosatel. Ele disse que o contrato com a Furnas acabou. Os funcionários foram informados e o que era de direito foi recebido em dia. “Os encarregados disseram que provavelmente o contrato será feito novamente este ano. Estamos aguardando. Emprego está difícil”, ressaltou José. Firjan fala em esvaziamento econômico De acordo com o presidente da Representação Regional Norte Fluminense da Firjan, Fernando Aguiar, o Estado do Rio vem tendo um esvaziamento econômico.

A questão dos incentivos fiscais tem que ser olhada de forma madura, assim como a redução da carga tributária e a atualização das leis trabalhistas. Tudo isso, ainda de acordo com Aguiar, tem o poder de colocar o estado e as empresas do Brasil de volta em ascensão. As medidas que o governo vem tomando, como a recente redução da taxa de juros, também podem ajudar nessa retomada. “Esse momento é resultado de uma conjunção de fatores. O setor do petróleo que é importantíssimo na nossa região – significa um terço do PIB do estado – sofreu com a queda do preço no mercado internacional, provocando baixa na arrecadação de vários municípios, o que também impactou nesse cenário adverso”.

E Aguiar completa: “Realmente algumas empresas fecharam na região. Muitas estão passando por dificuldades. Mas justamente para vencer esse momento difícil, para ultrapassar essa fase e retomar o desenvolvimento, é que a Firjan tem feito propostas ao governo para que se retorne ao estado de desenvolvimento anterior. Por isso, criamos o Mapa do Desenvolvimento, que reúne as percepções dos empresários e sugestões de ações para os próximos 10 anos”. O presidente da Representação Regional Norte Fluminense reconhece que a região sofreu muito com o fechamento de inúmeras fábricas. “A indústria canavieira, por exemplo, passou por maus momentos e este ano está vendo uma pequena melhora. Temos também o Porto do Açu com investimentos significativos. Precisamos acelerar as reformas que vão melhorar o ambiente de competitividade do Estado do Rio e do Brasil”, finaliza.