×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

O que cobrar de Rafael Diniz

Em duas semanas de governo já se pode refrescar a memória sobre o que o novo prefeito de Campos prometeu

Política
Por Marcos Curvello
17 de janeiro de 2017 - 6h00
Foto: Carlos Grevi

Foto: Carlos Grevi

Em meio a medidas para organizar a casa diante da série de problemas deixados pela administração anterior, o prefeito de Campos, Rafael Diniz (PPS), vai precisar lidar em breve com as expectativas dos 151.462 eleitores que lhe proporcionaram uma vitória histórica contra o grupo político comandado por Garotinho. Duas semanas após a posse, grande parte dos esforços do novo Executivo serviu para contornar crises mais imediatas ou lançar as fundações do combate a outras, que pedem soluções menos simples. Mas, diante das necessidades do município e das promessas feitas durante a campanha, há bastante o que esperar — e cobrar — do neto de Zezé Barbosa e de sua equipe nos próximos quatro anos. Veja:

Dependência dos royalties

Diante da finitude do petróleo, Rafael defendeu em diferentes ocasiões a necessidade de “reconstruir a cidade para além dos royalties”,

valores pagos ao município pela exploração da commodity em seu território. A ideia batiza seu plano de governo, chamado “Campos

Além dos Royalties”. Rafael apontou a gestão ineficiente deste recurso nos últimos oito anos e falou da importância de haver investimento

em atividades que se tornem, elas próprias, geradoras sustentáveis de renda para o município em médio e longo prazos.

Palavra do prefeito — “Já começamos a lutar pela independência do nosso município. Apostamos em pastas estratégicas, quadros

técnicos e no diálogo permanente com universidades e instituições que irão nos auxiliar. Além disso, vamos captar recursos e lançar

programas que serão importantes na diversificação da nossa economia. Nossa secretários e superintendentes estão em sintonia com

diversas instituições relacionadas a ações desempenhadas por suas respectivas pastas, para preparar as ações que baseiam o nosso

programa de governo. Estou participando de alguns espaços desses. Posso citar, por exemplo, o encontro com a prefeita de Quissamã

para tratar do Complexo Logístico e Industrial Farol-Barra do Furado e o encontro com a Autopista Fluminense”.

Trabalho e renda

Em uma cidade em que a crise atinge pelo menos há um ano os cofres da prefeitura, empregadora direta ou indireta de uma parcela

importante da população, a geração de empregos e a criação de oportunidades profissionais estariam, invariavelmente, na pauta dos

candidatos ao Executivo. Durante a campanha, Rafael destacou como alternativas em vídeos e entrevistas a criação de medidas capazes

de aquecer os setores do comércio e da indústria, bem como valorizar economias alternativas, como a verde, a criativa e a do conhecimento,

a fim de gerar emprego e renda para a população campista.

Palavra do prefeito — “A Superintendência de Trabalho e Renda já vem realizando reuniões com entidades e empresas para tratar das

ações relacionadas à capacitação e qualificação profissional. Estamos tratando com instituições específicas o planejamento da ação de

qualificação em setores específicos que estão relacionados com o nosso programa”.

Educação

Uma das bandeiras levantadas por Rafael para a Educação antes das eleições foi a da eleição direta para diretores de escolas municipais.

Segundo ele, isso garantiria “autonomia pedagógica, financeira e administrativa” para as unidades de ensino, deixando nas mãos da comunidade

a escolha de quem ocuparia cargos que vêm sendo usados — em diversos tempos e lugares — como moeda de troca política.

Outras propostas são a criação da escola em tempo integral, a escola bairro e a instalação de internet gratuita nas unidades de ensino,

além da oferta de uma infraestrutura adequada ao trabalho dos profissionais da educação. Como saída para levar esses projetos adiante

em um contexto de crise, o prefeito falou em usar a “criatividade”. A ideia seria integrar as escolas a vilas olímpicas, museus e clubes,

como o Rio Branco.

Saúde

Alvo de denúncias constantes ao longo dos últimos anos, a Saúde de Campos foi encontrada pelo prefeito em situação precária. Faltavam

remédios e insumos básicos para o trabalho, a infraestrutura das unidades está comprometida e mesmo o mobiliário e parte

importante dos equipamentos estão deteriorados, já que não receberam manutenção. Neste ponto, a prefeitura já começou a agir e

apresentou algumas medidas. Veja abaixo. Na campanha, Rafael prometeu apostar em prevenção e no fortalecimento da rede contratualizada

para desafogar as unidades de Saúde voltadas à urgência e emergência, como o Hospital Ferreira Machado (HFM). Após visitar

os hospitais da cidade em sua primeira semana de trabalho, o prefeito afirmou, também, que vai investir nas Unidades Básicas de Saúde

(UBS) e no Programa Saúde da Família (PSF), com a mesma finalidade. Há expectativa, também, de contratação de mais médicos e de

ampliação da oferta de exames e medicamentos.

Mobilidade Urbana

Além da manutenção do programa de subsídio à passagem municipal, que custa R$ 1, a criação de linhas circulares 24h e de bicicletários

públicos, a implementação de calçadas acessíveis, com piso tátil e rampas para portadores de necessidades especiais, e a sincronização

de semáforos, na chamada onda verde, são algumas das promessas para a área.

Palavra do prefeito — “O superintendente do IMTT e o Secretário de Governo se reuniram há alguns dias com representantes do

consórcio das empresas de ônibus para tratar da questão do transporte coletivo no município. As empresas irão encaminhar um relatório

de sua situação e de seus empregados. Após a avaliação destes relatórios de cada empresa iremos fazer o levantamento de cada uma

e a sua devida regularização. Estamos implementando um canal de diálogo e planejamento com as empresas de ônibus para garantir

melhorias no atendimento a população. O IMTT está realizando também um projeto para adequação das ciclovias e ciclofaixas e de

áreas de estacionamentos em vias perimetrais. Vamos iniciar o debate e a elaboração do Plano de Mobilidade, que irá nortear as ações

relacionadas a mobilidade, como novas ciclovias, calçadas acessíveis, terminais de integração”.

Cabeceira do silêncio

Assim como o grupo que o antecedeu não estava imune a críticas, o prefeito Rafael Diniz está sujeito a elas. Ele não pode cometer um erro maior que o grupo político que

sucede e que se posicionava acima das críticas. O homem tropeça em pedras e não em montanhas. É preciso humildade para dar um passo atrás, pois muitas vezes o

tropeço pode evitar um tombo. É uma conversa que ele tem que ter consigo ao lado da cabeceira.

Diálogo

Durante toda a campanha e o processo conturbado de transição — que nunca chegou a prover de informações válidas e completas a

equipe do novo governo —, Rafael ressaltou a necessidade de diálogo com a Câmara, com a oposição e com a população. Espera-se,

agora, abertura para a participação da sociedade civil organizada no desenvolvimento de políticas públicas que atendam aos mais diferentes

setores.

Palavra do prefeito — “Não há mais espaço para gestores centralizadores. A reconstrução da nossa cidade passa pelo diálogo permanente

com todos os segmentos. Desde que vencemos as eleições, venho conversando com diversos setores e buscando soluções para

os vários problemas. Agora, após assumir, não tem sido diferente. Haverá momentos em que vamos concordar, outros iremos discordar,

mas o diálogo e a transparência deverão estar presentes sempre. Além disso, uma Câmara forte e independente nos ajudará muito neste

processo de reconstrução da cidade. Com os vereadores que compõem o Legislativo, independente de partido ou bancada, pretendo

construir uma relação de trabalho, harmonia e respeito”.

Apoio técnico

Por fim, foi defendida, durante a campanha, a aproximação do poder público com técnicos e instituições que produzem conhecimento

no município e na região, de forma a trazer para perto da administração esses indivíduos e entidades geradoras de know-how e soluções

tecnológicas, científicas e acadêmicas. Este repertório deverá ser empregado na criação de políticas públicas robustas e eficientes, que

encontrem respaldo no estudo e não na mera vontade do gestor.

Palavra do prefeito — “A interação com essas instituições é a nossa principal ação de planejamento. Temos em Campos diversos

técnicos e instituições com expertise em diversas áreas. Nossa equipe já vem procurando cada uma das instituições presentes em Campos

para tratar de projetos, como por exemplo, Fundenor, Uenf, IFF. Além das instituições de pesquisa estamos em constante relação

também com o Banco do Brasil e a Caixa, para tratarmos de convênios, que possuem recursos nessas instituições. Estamos em processo

de implantação do nosso Escritório de Projetos Estratégicos, que irá coordenar com nossos secretários e superintendentes dos nossos

projetos, em parceria com esses técnicos e instituições”