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No abandono em busca de um dono

ONGs da região precisam e muito da solidariedade da população para que continuem cuidando dos animais abandonados

Campos
Por Redação
16 de janeiro de 2017 - 15h18
No abandono em busca de um dono (Foto: divulgação)

No abandono em busca de um dono (Foto: divulgação)

A gatinha Cherrye foi o presente de casamento dado a um casal, em 2015. Um dia, o bichano fugiu e foi atropelado. Ficou paralítico e passou a precisar de cuidados especiais. Ela virou um problema para a família. A solução encontrada pelos donos foi se desfazer do felino. Mas, de que forma? Levaram para um pet shop sob a justificativa de banho e nunca mais voltaram para buscar. Em novembro do ano passado, alguém abandonou um filhote (com menos de 30 dias) na calçada de Rosana Medeiros. Junto com o marido e os filhos ela cuidou do pet. Um dia depois do Natal o entregaram para adoção. A casa da família Medeiros fica em Itaperuna e já abriga cinco cães – dois comprados e três adotados.

Na maioria das vezes, os tutores (pessoas responsáveis pelos bichanos) despejam os amigos de quatro patas à própria sorte em qualquer lugar. Não existem estatísticas oficiais a respeito do assunto, pois contabilizar a população de animais desamparados configura tarefa bastante difícil. O que se sabe, por causa do número de animais que são vistos perambulando pelas ruas das cidades é que, diariamente, centenas deles são desamparados. Ainda que seja crime previsto por Lei Federal, as pessoas ainda se desfazem dos seus animais. De acordo com a presidente da Organização Não Governamental (ONG)Protetores de Anjo em Itaperuna, Cléa Márcia Pereira, a época das férias escolares é o momento mais crítico do quadro de abandono.

“Férias e fim de ano registram recordes de abandono, pois as famílias saem para viajar por dias prolongados, não têm com quem deixar os animais de estimação ou mesmo não querem gastar com os locais apropriados ao abrigo dos bichinhos e optam pelo descarte. É inimaginável, mas acontece”, destaca Cléa. Uma pesquisa recente mostrou que o brasileiro procura animal de estimação baseado em modismos de raça e tem baixa propensão a tentar manter o animal, diante de mudanças no estilo de vida.

No abandono em busca de um dono (Foto: divulgação)

No abandono em busca de um dono (Foto: divulgação)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que haja ao menos um cão em 30 milhões de domicílios no país, ou 44,3% do total. No país, 52,2 milhões de pets. No entanto, donos não se preocupam em castrar os animais. Esse é um dos comportamentos que levam à proliferação descuidada desses bichos, o consequente abandono, vulnerabilidade a maus- -tratos e sofrimento desnecessário. Além disso, a multiplicação descontrolada dos animais aumenta o risco de difusão de doenças entre eles e para seres humanos.

“Não são somente os mascotes sem raça definida que acabam rejeitados. Às vezes, as pessoas compram os pets com pedigree por impulso ou porque está na moda. Aí, por causa de algum desvio de comportamento, gestação, doença ou idade avançada, os bichinhos são deixados de lado”, ressalta a presidente da ONG. Assim como em Itaperuna, Campos também tem uma ONG que é amiga dos animais. A Protetores Amigos de Todos os Animais (PATA) não é um abrigo. Os voluntários cuidam, castram e encaminham os bichanos para a adoção responsável.

 

Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)

O abrigo do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura de Campos não recebe qualquer animal. Apenas os sem dono que representam grande risco à sociedade ou se encontram em estado terminal. Ou seja, caso algum cidadão não queira mais cuidar do seu bichano, dependerá de alguém adotá-lo ou da disposição das ONGs, que, normalmente, estão sempre superlotadas. Esta é uma burocracia que incentiva o crescimento da população de rua. “O ideal seria que a prefeitura mantivesse um programa de controle populacional dos bichos de quatro patas. Além disso, se a população carente pudesse castrar seus animais de graça, inúmeras ninhadas abandonadas não estariam nas ruas, procriando e agravando o problema cada vez mais”, afirma Cléa. Adoção responsável Além da castração, Cléa acredita que, a educação sobre posse responsável, aparece como aspecto fundamental para atenuar a situação dos animais abandonados. “Ao adotar um animal, o tutor deve ter consciência de que os animais têm necessidades, provocam gastos, trazem comportamento imprevisível e vivem por muitos anos. Em uma primeira conversa, eu identifico qual a intenção da pessoa e qual o animal adequado para ela. Além disso, fazemos acompanhamento da adoção como o calendário de vacinas e, se for cadela, se o dono já providenciou a castração. Existe um termo de adoção onde o adotante se compromete com todas as ‘exigências’ de uma adoção”, afirma a presidente da ONG de Itaperuna.

 

Dificuldades das ONGs

As ONGs de Campos e Itaperuna não são abrigos. Tampouco recebem auxílio do poder público. Essas instituições, normalmente, têm parceria com veteriná- rios que prestam atendimento aos animais e, em seguida, eles ficam abrigados nas casas dos voluntários até que sejam adotados. “Ao resgatar os animais abandonados, nossa intenção é devolver a dignidade e saúde a esses bichinhos que trazem tanta alegria a tanta gente de bem. Nosso trabalho é totalmente voluntário e feito somente pela fé. Em um mundo que se acostumou com a presença de crianças nas ruas, como avançar na questão dos bichos?”, finaliza Cléa. Sem nenhum tipo de apoio financeiro do governo, a maior dificuldade das ONGs é com ração, especificamente de filhote. Quem quiser colaborar com a “Protetores de Anjo”, de Itaperuna, pode entrar em contato com a presidente pelo telefone (22) 9 97411179. Já quem pretende adotar um dos inú- meros bichanos que aguardam um novo lar, a feira de adoção acontece todos os sábados de 8h ao meio dia, no Centro de Itaperuna.

No abandono em busca de um dono (Foto: divulgação)

No abandono em busca de um dono (Foto: divulgação)