×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Ao Livro Verde: livraria mais antiga do país oferece café com literatura

Além de livros, hoje o consumidor também encontra na loja produtos de papelaria e um cyber café

Campos
Por Redação
31 de dezembro de 2016 - 19h00

A livraria mais antiga do país completou 172 anos e continua lá no mesmo lugar. O título concedido pelo livro dos recordes, o Guinness Book, em 1995, é motivo de orgulho para Campos. Todo campista que se preze sabe onde fica a Ao Livro Verde e tem algum tipo de história para contar do local. A livraria foi inaugurada em 13 de junho de 1844, na antiga Rua da Quitanda, 22. Além de livros, hoje o consumidor também encontra na loja produtos de papelaria e um cyber café, onde quem frequenta pode ter acesso livre a internet, degustar um café e ao mesmo tempo se deliciar com uma bela leitura.

(Foto: Silvana Rust)

(Foto: Silvana Rust)

São assíduos no café da Ao Livro Verde intelectuais, jornalistas e artistas, como Fernando da Silveira, que todos chamam de mestre, o juiz aposentado Edmundo Machado, referenciado com o apelido de “excelência”, Hélio Coelho, “o imortal” entre muitos que gostam de misturar café com literatura.

É uma história rica de fato e de direito. O maior vulto literário de Campos, José Candido de Carvalho, que foi membro da Academia Brasileira de Letras, escolheu os altos de Ao Livro Verde para ambientar o escritório do Coronel Ponciano Furtado, personagem chave do romance “O Coronel e o Lobisomem”, traduzido para mais de 10 idiomas. José Candido era amigo pessoal de João Sobral, um dos proprietários da livraria. Com a morte de João, assumiu o empresário Ronaldo Sobral.

Ao Livro Verde já foi frequentada por gente como o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) Austregésilo de Athayde, bem como a primeira mulher que entrou para a ABL, a escritora Rachel de Queiroz, entre muitos outros. Deveria estar no roteiro do turismo oficial de Campos, pois, mesmo não estando, é um dos lugares que mais chamam a atenção dos turistas acidentais.

A relação de Ao Livro Verde com a Academia Brasileira de Letras é intima. Recentemente, quando a ABL completou 100 anos, Ronaldo Sobral decidiu prestar uma homenagem à instituição. Foi convidado para o Chá dos Imortais na sede no Rio de Janeiro, pelo então presidente Marcos Vilaça.

A homenagem se inverteu. Foi a ABL que acabou prestando uma à livraria, que mereceu rasgados elogios na forma de discursos, entre eles do escritor Carlos Heitor Cony, um dos muitos imortais presentes à solenidade.

Desde que foi inaugurada, a livraria tem história para contar. Já vendia seus livros na época em que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, e quando o marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, em 15 de novembro de 1889. A livraria resistiu firme às duas guerras mundiais: a Primeira, de 1914 a 1918; e a Segunda, de 1939 a 1945.

“O grande segredo do negócio é ser fiel ao ramo que tem que ser respeitado. Nossa história de resistência é muito bonita”, contou Ronaldo Sobral, proprietário da livraria.

As vendas hoje são concentradas na loja física, mas já está em andamento um projeto de elaboração para um site de vendas da loja.

“Temos um acervo muito grande e isso precisa ser explorado”, conta o empresário, que exibe com orgulho uma nota publicada no jornal O Globo pelo jornalista Roberto Marinho, há 22 anos.

E para que a história não seja perdida, na última semana uma restauradora mineira fez um trabalho minucioso e elaborado de restauração, com folhas de ouro, de uma placa de fundação da livraria.

(Foto: Silvana Rust)

(Foto: Silvana Rust)